Ancelotti Estreia na Seleção Brasileira Contra o Equador

Hoje, Ancelotti faz sua estreia no comando da seleção brasileira em um jogo contra o Equador. Confira a análise completa da escalação, expectativas e o que esperar da era do técnico italiano no futebol brasileiro.

FUTEBOL

SERGIO DUARTE

6/5/20254 min ler

Don Carlo e a Reinvenção do Jeitinho Brasileiro

Às vésperas da estreia mais aguardada desde que Tite disse tchau, uma pergunta paira no ar quente de Guayaquil: será que o italiano que colecionou troféus como quem coleta selos finalmente conseguirá traduzir a magia do futebol brasileiro para uma linguagem que o mundo inteiro compreende?

Carlo Ancelotti não é apenas mais um técnico estrangeiro desembarcando em terras tropicais. O homem que fez Real Madrid e Bayern de Munique dançarem ao som de sua batuta chega ao comando da Seleção com uma missão quase impossível: fazer com que jogadores acostumados ao carinho de "joga bonito" aceitem a disciplina europeia sem perder a alma canarinea.

O Quebra-Cabeça de Guayaquil

Nesta quinta-feira, às 20h, no estádio Monumental Isidro Romero Carbo, o Brasil enfrentará o Equador em um jogo que pode definir muito mais do que apenas três pontos nas Eliminatórias. É a primeira impressão que Ancelotti dará como comandante da Amarelinha, e primeiras impressões, bem sabemos, costumam ser duradouras.

A provável escalação já foi esboçada: Alisson, Vanderson, Alexsandro, Danilo e Alex Sandro; Casemiro, Gerson, Bruno Guimarães e Estêvão; Richarlison e Vini Jr. Uma formação que equilibra experiência e juventude, tradição e inovação.

Confesso que sempre achei fascinante como um técnico estrangeiro observa nossos jogadores. Enquanto nós, brasileiros, vemos ginga e improvisação, ele provavelmente enxerga padrões táticos a serem aperfeiçoados. A aposta em Estêvão como titular, elogiado pelo próprio Ancelotti por seu talento e personalidade, mostra que Don Carlo não veio para revolucionar, mas para potencializar.

A Arte de Ser Brasileiro sem Deixar de Ser Vencedor

Existe uma tensão interessante nesta nomeação. O futebol brasileiro sempre teve essa relação amor-ódio com técnicos estrangeiros. Lembram do Felipão em 2002? Brasileiro raiz. Dunga em 2010? Resultado questionável. Tite? Jogo bonito que não conquistou o mundo.

Agora temos Ancelotti, um italiano que entende de conquistas tanto quanto entende de gestão de egos. (E convenhamos, gerenciar Cristiano Ronaldo, Modric e Benzema no mesmo vestiário deve ser excelente preparação para lidar com Vini Jr., Casemiro e companhia.)

A verdade é que o futebol moderno exige uma síntese que poucos conseguem: manter a criatividade brasileira dentro de estruturas táticas sólidas. É como tentar fazer um samba em compasso de valsa - teoricamente impossível, mas quando dá certo, é espetacular.

O Peso das Eliminatórias

Com 21 pontos em 14 jogos, o Brasil ocupa a 4ª posição na classificação, uma colocação que, sejamos francos, não condiz com nosso histórico. Não estamos mal, mas também não estamos onde deveríamos estar. É como aquele aluno inteligente que tira notas medianas - todo mundo sabe que pode mais.

O Equador, jogando em casa, não será passeio no parque. Altitude, calor, torcida local... todos os ingredientes para uma estreia complicada. Mas talvez seja exatamente isso que a Seleção precisa: um batismo de fogo que mostre, desde o primeiro minuto, que a era Ancelotti veio para valer.

Mesmo com o estádio tendo lotação limitada, a pressão estará toda lá. A pressão de representar um país que respira futebol, que vive cada convocação como se fosse questão de vida ou morte, que ainda sonha em apagar de vez a memória amarga de 2014.

Estêvão: O Garoto que Pode Mudar Tudo

Se existe algo que me emociona no futebol é ver um garoto de 17 anos ser tratado como solução, não como promessa. Estêvão, que deve formar o trio ofensivo com Vini Jr. e Richarlison, representa tudo o que há de bom no futebol brasileiro: talento nato, desprendimento e uma carinha de "não tô nem aí para a pressão".

Ancelotti sabe o que está fazendo. Quem trabalhou com Kaká jovem, com Haaland emergente, reconhece diamante bruto quando vê. E apostas assim, quando dão certo, criam lendas.

A Revolução Silenciosa

Na verdade, pensando melhor, essa não é bem uma revolução. É mais como uma evolução orgânica. Ancelotti não chegou promettendo mudar tudo, como alguns técnicos fazem. Ele veio para ajustar, para dar liga a um time que tem qualidade individual sobrando, mas que ainda busca sua identidade coletiva.

É interessante como o futebol brasileiro sempre funcionou com base no talento individual saltando aos olhos, mas os grandes sucessos vieram quando esse talento foi canalizado em sistemas coesos. 1970, 1994, 2002... todas essas conquistas tiveram algo em comum: craques individuais jogando como time.

O Teste de Guayaquil

A partir das 20h desta quinta-feira, saberemos se a receita de Ancelotti tem chance de dar certo. Não esperem milagres no primeiro jogo - mesmo gênios precisam de tempo para descobrir a melhor forma de extrair o que há de melhor em cada peça do quebra-cabeça.

Mas fiquem atentos aos detalhes: como o time se comportará sem a bola, se haverá mais movimentação sem posse, se a marcação será mais intensa. Pequenos sinais que podem indicar grandes mudanças pela frente.

O futebol brasileiro está vivendo um momento curioso. Temos jogadores espalhados pelos melhores clubes do mundo, mas nossa Seleção ainda busca uma cara. Talvez Ancelotti seja exatamente o que precisávamos: alguém de fora que nos ajude a enxergar o que temos dentro.

Entre uma vitória em Guayaquil e o início de uma nova era, a distância pode ser de apenas 90 minutos. Ou de uma copa inteira. Só saberemos quando a bola rolar e Don Carlo mostrar se veio mesmo para ficar ou se é apenas mais um capítulo na nossa eterna busca pela combinação perfeita entre jogo bonito e resultado eficiente.

Meta Descrição: Ancelotti estreia hoje no comando da Seleção Brasileira contra o Equador. Análise completa da escalação, expectativas e o que esperar da era do técnico italiano no futebol brasileiro.

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Referências:

  • CNN Brasil - Cobertura da estreia de Ancelotti na Seleção</flinks>

  • <flinks>ESPN Brasil - Análise tática e escalação provável</flinks>