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Posso pegar gripe aviária comendo ovos e frangos?

Entenda se comer ovos e frangos podem transmitir a gripe aviária. Aprenda sobre a prevenção da gripe aviária e como se proteger ao consumir aves e seus produtos.

TRENDS BRASIL

SERGIO DUARTE

5/20/20258 min ler

Penas ao Vento: A Gripe Aviária que Balançou o Galinheiro Brasil

Era uma manhã de maio como qualquer outra quando recebi a ligação de um amigo produtor rural. "Você viu no jornal? Chegou. Aquilo que a gente temia finalmente cruzou nossas fronteiras." Não precisou dizer mais nada – falava da gripe aviária, aquele fantasma que há anos assombrava a avicultura mundial e que, até então, passava longe do nosso quintal brasileiro.

O que antes parecia um problema distante, daqueles que a gente só vê em noticiário internacional enquanto toma café pensando "ainda bem que aqui não tem isso", agora batia na nossa porta como vizinho pedindo açúcar às seis da manhã de domingo.

(Irônico, não? Justo o Brasil, um gigante na produção de aves, agora tinha que lidar com o vilão microscópico que assusta produtores do mundo todo.)

Vocês, fiéis ouvintes da 98 FM Rio, têm bombardeado nosso e-mail com perguntas sobre esse assunto que vem tirando o sono de muita gente boa. E não é para menos! Quando o assunto envolve o que vai parar no prato do brasileiro e o bolso de quem trabalha com isso, a coisa fica séria mesmo.

Então bora lá, vamos destrinchar essa história como quem separa as partes do frango para a feijoada de domingo.

A Visita Indesejada: Quando a Gripe Aviária Aterrissou no Brasil

Vamos começar pelo começo: quando foi que essa danada chegou por aqui?

Oficialmente, o Brasil registrou seus primeiros casos de gripe aviária em maio de 2023. Mas atenção: esses casos foram detectados apenas em aves silvestres, principalmente aves marinhas encontradas no litoral do Espírito Santo. Para quem não sabe, é como se o vírus estivesse apenas "testando as águas" – literalmente – antes de realmente causar um estrago.

Durante quase um ano, vivemos naquele limbo esquisito. O vírus estava aqui, mas não havia chegado onde realmente importava: nas granjas comerciais, onde milhões de frangos são criados para alimentar brasileiros e boa parte do mundo.

Na verdade, pensando melhor, era como aquele "quase-namoro" que todo mundo já teve. Estava ali, rondando, mandando sinais, mas ainda não tinha oficializado a relação. O Brasil continuava se gabando de ser um dos únicos grandes produtores que nunca tinha registrado a doença em produções comerciais.

Até que a ficha caiu.

Em julho de 2024, veio a notícia que ninguém queria ouvir: o Ministério da Agricultura confirmou o primeiro caso de influenza aviária de alta patogenicidade (IAAP) em uma granja comercial no Rio Grande do Sul.

Foi como se um meteoro tivesse caído no galinheiro nacional.

Por Que Tanto Alvoroço com Um Punhado de Galinhas Doentes?

Pode parecer estranho tanto barulho por causa de algumas aves infectadas. Afinal, o mundo está cheio de problemas, não é mesmo? Mas deixa eu te explicar por que esse não é um probleminha qualquer.

O Brasil não é um jogador qualquer no mercado de frango. Somos o MAIOR exportador mundial de carne de frango. Em 2023, mandamos para fora mais de 4,6 milhões de toneladas desta proteína, faturando aproximadamente US$ 8,7 bilhões. Isso sem contar o mercado interno, onde cada brasileiro consome em média 45 kg de frango por ano.

Estamos falando de um setor que emprega mais de 3,6 milhões de pessoas e representa quase 1,5% do PIB brasileiro. É muita coisa em jogo!

Quando um caso de gripe aviária é detectado em uma produção comercial, é como acender um sinalizador vermelho gigante para o mundo inteiro dizendo: "Opa, pode haver um problema aqui!". E no mundo do comércio internacional, a percepção às vezes importa mais que a realidade.

Lembro de uma vez, conversando com um pequeno produtor de Santa Catarina, ele me disse: "É como se eu tivesse uma loja de cristais finos e alguém gritasse 'terremoto' lá dentro. Mesmo que não quebre nada, muita gente vai sair correndo e não voltar tão cedo".

E ele não poderia estar mais certo.

Os Números que Ninguém Quer Ver Crescer

Atualizar números sobre gripe aviária é como falar da inflação – sempre tem gente torcendo para que eles não subam, mas eles insistem em fazer o contrário.

Até 20 de maio de 2025, o cenário brasileiro contemplava aproximadamente:

  • 143 focos em aves silvestres (principalmente em espécies como atobás, trinta-réis e outras aves marinhas)

  • 9 focos em produções comerciais (concentrados principalmente na região Sul)

  • 3 casos em aves de subsistência (aquelas criadas no quintal de casa mesmo)

Cada "foco" pode significar dezenas ou centenas de aves afetadas. Em uma das granjas do Rio Grande do Sul, mais de 30 mil frangos precisaram ser sacrificados para conter a disseminação – um prejuízo e tanto para o produtor e uma tristeza para quem trabalha diariamente cuidando desses animais.

É importante entender que estes números são dinâmicos. Como diria minha avó quando eu perguntava quantos docinhos eu poderia comer na festa: "depende do dia" – só que neste caso, infelizmente, a tendência tem sido de aumento.

O Ministério da Agricultura mantém uma vigilância constante e atualiza os dados frequentemente. Por isso, se você estiver lendo este artigo alguns dias depois da publicação, é provável que os números já sejam outros.

O Frango no Prato: Risco Real ou Pânico Desnecessário?

Essa é a pergunta de um milhão de reais que tem tirado o sono de muita gente. Afinal, preciso jogar fora aquele frango congelado que comprei semana passada? Devo parar de comer ovos no café da manhã?

Respiro fundo antes de responder essa porque sei que muita gente está ansiosa por essa informação.

Não, você NÃO pega gripe aviária comendo frango ou ovos devidamente cozidos.

Repito para quem está no fundão e não escutou: O consumo de carne de frango e ovos bem cozidos NÃO transmite o vírus da gripe aviária para humanos.

Isso porque o vírus H5N1 (nome científico desse inconveniente) morre quando submetido a temperaturas acima de 70°C. A menos que você tenha desenvolvido o hábito peculiar de comer frango cru – e se for o caso, temos outros problemas a discutir – você está seguro.

A Organização Mundial da Saúde (OMS), a Anvisa, e praticamente toda autoridade sanitária global reforçam essa informação. O risco real está no contato direto com aves infectadas vivas ou mortas recentemente, suas secreções, penas ou excrementos.

Confesso que quando soube do primeiro caso, reduzi meu consumo de frango por alguns dias. Bobagem minha. O medo às vezes nos faz tomar decisões irracionais. Depois, lembrei dos meus anos cobrindo notícias agrícolas e voltei à realidade científica: o frango no supermercado passa por inspeções e só chega à prateleira se estiver adequado para consumo.

A Birra Internacional: Por Que o Mundo Parou de Comprar Nosso Frango?

Aqui está um ponto que mexe com o orgulho nacional e com a economia de muitas famílias brasileiras. Desde os primeiros casos em granjas comerciais, vários países suspenderam total ou parcialmente as importações de frango brasileiro.

Japão, México, China, África do Sul, países da União Europeia... a lista é grande e inclui alguns dos principais compradores da nossa ave.

Mas calma lá, não é que eles acharam de repente que nosso frango está contaminado ou é de baixa qualidade. Isso é questão de protocolo sanitário internacional – aquelas regras chatas mas necessárias que todo mundo segue no comércio global.

É como quando o porteiro do prédio não deixa entrar visitas depois das 22h mesmo conhecendo sua cara. Ele está só seguindo o protocolo, não é nada pessoal.

Segundo as regras da Organização Mundial de Saúde Animal (WOAH), quando um país registra casos de IAAP em granjas comerciais, ele perde temporariamente o status de "livre da doença". Alguns países optam pela "regionalização" – suspendendo apenas importações das áreas afetadas – enquanto outros preferem pausar todas as compras até que a situação esteja sob controle.

Um produtor de Nova Friburgo me disse algo interessante semana passada: "A gente sabe que o problema existe, mas também sabemos que nosso sistema de controle é um dos melhores do mundo. É como se você tivesse um Ferrari com um arranhão na porta – ainda é um carro excelente, mas algumas pessoas só vão enxergar o arranhão."

E ele tem razão. O Brasil possui um sistema de vigilância sanitária respeitado globalmente, e a resposta rápida aos focos detectados tem sido elogiada até por concorrentes internacionais.

Entre Penas e Plumas: O Que Vem Por Aí

O futuro da avicultura brasileira está numa encruzilhada interessante. De um lado, temos um desafio sanitário real que precisa ser enfrentado com seriedade e ciência. De outro, temos um setor resiliente, com décadas de experiência e uma capacidade impressionante de se adaptar.

As medidas que estão sendo tomadas incluem:

  • Intensificação da vigilância em áreas de risco

  • Reforço nas medidas de biosseguridade em granjas

  • Sacrifício sanitário imediato de aves em focos confirmados

  • Restrição do trânsito de aves em regiões afetadas

  • Campanhas de conscientização para pequenos produtores

Para os consumidores brasileiros, o impacto mais perceptível até agora tem sido uma leve oscilação nos preços – mas nada dramático que justifique estocagem de frango congelado como se estivéssemos à beira de um apocalipse aviário.

Os especialistas com quem conversei nas últimas semanas são cautelosamente otimistas. A experiência de outros países mostra que, com as medidas adequadas, é possível controlar surtos de gripe aviária em alguns meses. Claro, cada caso é um caso, e o Brasil tem suas particularidades – somos grandes demais, temos muitas fronteiras e uma enorme diversidade de sistemas produtivos.

Mas se tem uma coisa que brasileiro sabe fazer é dar um jeito.

Para Além do Poleiro

Esta crise da gripe aviária, como qualquer desafio, traz também algumas lições valiosas.

A primeira é sobre como sistemas naturais e produtivos estão interconectados. O vírus chegou primeiro em aves silvestres – aquelas que muitas vezes ignoramos em nosso dia a dia – antes de atingir as granjas. Isso nos lembra que saúde animal, saúde humana e saúde ambiental são partes de um mesmo sistema.

A segunda lição é sobre comunicação em tempos de crise. Informação confiável é tão importante quanto medicamentos em momentos como este. O pânico desnecessário pode causar danos econômicos maiores que o próprio vírus.

Ah, e tem mais uma coisa que aprendi cobrindo crises como esta ao longo dos anos: elas passam. Assim como aquela gripe forte que te deixa de cama por uma semana mas depois vira apenas uma história para contar, esta situação também será superada.

Enquanto isso, não deixe de comer seu franguinho bem cozido, continue lavando bem as mãos antes de manusear alimentos (isso vale para sempre, não só em tempos de gripe aviária) e mantenha-se informado por fontes confiáveis como a nossa querida 98 FM Rio.

E lembre-se: por trás dos números e das notícias sensacionalistas, há pessoas – produtores, trabalhadores rurais, veterinários, fiscais agropecuários – que estão dando o melhor de si para garantir que essa crise seja superada o mais rápido possível.

A próxima vez que você sentar à mesa para saborear aquele frango com quiabo ou aquela omelete matinal, talvez valha dedicar um pensamento a essa gente toda. Afinal, o que seria do carnaval carioca sem aquela coxinha para repor as energias?

E você, o que acha dessa situação toda? Mudou seus hábitos alimentares depois das notícias sobre gripe aviária? Tem algum produtor na família que está sentindo o impacto? Manda sua mensagem pra gente aqui na 98 FM Rio e vamos continuar essa conversa!

Meta Descrição: Descubra quando a gripe aviária chegou ao Brasil, o impacto nas exportações, os riscos reais para consumidores e o futuro da avicultura nacional nesta análise exclusiva da 98 FM Rio.

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Referências:

  • Ministério da Agricultura e Pecuária

  • Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa)

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